Como parte da formação na fotografia e também escrita, para a produção do livro fotográfico e da poesia da trilha sonora, as oficinas são modalidade fundamental para a troca de saberes. Uma destas resultou na confecção de um caderno cartoneiro, um suporte para a escrita, cujo processo foi de grande importância para gerar diálogo sobre outras habilidades manuais. O caderno produzido nas manhãs do dia 24 e 29 de janeiro tem por objetivo ser um elemento da futura exposição, ser também um construtor do vínculo dos jovens com a produção do livro fotográfico e de suporte para registrar as ideias que possam surgir dentro das celas nas unidades onde eles estão internados.
Com o caderno busca-se estender os momentos dos encontros no Quilombo do Sopapo para dentro da FASE e assim tanto a poesia, como os processos gráficos e também as emoções que os exercícios fotográficos e seus percursos irão proporcionar possam ter no caderno uma narrativa gráfica e escrita da participação dos jovens na caminhada do projeto. Sensibilizando seus olhares por outras reflexões, como suprir a ausência pela capacidade de reinvenção e de ressignificação.
A oficina de cadernos cartoneros, criados de forma artesanal com papelão coletado nas ruas, configura um espaço de interação e convivência. O “fazer juntos” serve de mote para a partilha solidária do tempo, dos materiais e dos aprendizados. Inspirado no Movimento Cartonero, a atividade é o contrário da pressa, do tempo acelerado, do pré-fabricado e da obsolescência. Com os cadernos cartoneros, as e os jovens tiveram a oportunidade de fazer sair de suas mãos um produto único, irrepetível, criado a partir de sua criatividade, vivências e motivações.
Nas oficinas cartoneras todos aprendem, não importa se oficinandos ou oficineiros. Sempre aparece um jeito novo, uma nova habilidade, um outro caminho, uma fresta para reinventar o fazer. Da troca de saberes por habilidades desenvolvida em outras ações de confecção de artesanato dentro do CECONP, o jovem Endriws apresentou ao educador Leandro Silva uma nova maneira de cortar folhas usando um barbante. Uma demonstração viva de educação popular , onde todas e todos ensinam e todas e todos aprendem!
Texto: Leandro Anton e Leandro Silva
Fotos: Cristiano da Rosa, Leandro Anton e Patrick